quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Baú pop: Talk Talk - The Party's Over




Mais um disco que o tempo parece ter esquecido, este primeiro álbum dos Talk Talk, banda que atravessou um dos "makeovers" mais fascinantes que alguém se possa lembrar: de banda "synth pop" de segunda linha até fundadores do género "pós-punk" - com os álbuns "Spirit of Eden" e "Laughing Stock".

"The Party's Over" não abre novos caminhos, é certo, mas é um excelente seguidor de correntes, sendo injustamente criticado por esta colagem e pela sua sonoridade "muito 80s", quando os seus antepassados não reinventaram propriamente a roda. Nomeadamente, e incontornavelmente, surge o nome dos Duran Duran, banda que por sua vez herdou genes dos Japan, e estes de Bowie e Roxy Music... a história da música pop é feita de uma árvore gigante de referências, apre!

A voz melancólica e melodiosa de Mark Hollis começa já aqui a fazer estragos, e sim, a sonoridade é muito presa à época, mas o álbum funciona incrivelmente como um todo coeso (e não só à conta de faixas mais famosas como "Talk Talk") - uma cápsula perfeita do que a música de sintetizadores era capaz de transmitir no melhor dos tempos.

Em suma, tomara que todos os discos pop fossem assim, quer em 1982, quer sobretudo em 2011...

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Amor Estúpido e Louco


Há os romances bonitinhos e perfeitinhos de Danielle Steel e Nicholas Sparks, e do lado oposto do espectro, há os romances de carne e osso que encontramos em filmes como "Like Crazy". Humanos, motivados por razões igualmente irracionais, mas que cometem erros que escapam ao mundo cor-de-rosa dos livros.

Neste caso, não há qualquer conflito entre pais, ou diferença social, económica, sexual, de género, ou o que quer que seja. Há dois jovens - Anna e Jacob - minimamente atraentes é certo (há essa cedência), que se conhecem e apaixonam nos Estados Unidos. Ela tem um visto de estudante, que deixa estupidamente expirar... por amor. Será fácil questionar porque raio é que a personagem faz isso. Assim como será facil racionalizar outros aspectos: porque é que Jacob não se muda para o Reino Unido? Ou porque é que não se mudam para um outro país qualquer do globo? Mas o amor, tal como a vida, não pode ser medido com as medidas típicas que usamos habitualmente para avaliar quantitativamente e qualitativamente obras e restantes objectos. E ao acreditarmos plenamente naquela relação, e naquelas personagens (fruto também de performances apaixonantes e muito improvisadas do par Felicity Jones+Anton Yelchin - a partir de um esboço de 50 páginas), acreditamos nos seus erros humanos. Acreditamos que o amor é importante, mas em muitos aspectos deixar uma vida assegurada pode ser assustador para um dos membros. Que o amor é grande mas raramente pode ser 50/50. Que o verdadeiro amor pode não sobreviver a um simples lapso, infelizmente.

"Like Crazy" revela-nos também um estilo muito próprio a filmar este desabrochar e desenvolver de relação, nascido em Sundance sim, mas com uma marca identitária capaz de fazer-nos querer ver a restante obra de Drake Doremus. Muitas das pontes entre cenas (sobretudo na primeira metade) são feitas através de montagens de imagens ao som de música, aparentemente baratas, mas posteriormente plenamente justificadas, dado o contexto. É que as imagens adquirem aqui um autêntico estatuto de memórias positivas e incandescentes a serem coladas com fita adesiva em páginas de um álbum, ao lado de palavras sentidas. São as imagens passadas que posteriormente alimentam (e validam) esta relação à distância. E podemos chegar a um ponto onde estas passaram de tal modo a fazer parte de uma alimentação interna, que já não nos reconhecemos naquelas fotografias. E é aí que Doremus dá um toque final de génio a uma história despida e esqueletada, num final tão ambíguo como avassalador.



"Like Crazy" não será um filme para todos. Mas para quem já atravessou uma relação autêntica repleta de obstáculos (nomeadamente relações à distância), é muito provável que vá bater forte. Se até a mim, pouco experiente nestas lides do "amor verdadeiro", bateu...

domingo, 20 de novembro de 2011

OVNI à Solta - Episódio 1

Em busca das obras mais insólitas e inclassificáveis alguma vez vistas, a rubrica "OVNI à Solta" inaugura em grande estilo, com um título de 1992 que servirá de "template" ao que se seguirá (ou não), protagonizado por duas estrelas em ascenção naquela altura.

"Prelúdio de um Beijo" agarra um conceito de "troca de corpos", popularizado há uns anos atrás por filmes como "Freaky Friday" ou "Big". Só que aqui a troca é ligeiramente mais surreal, porque transcende a própria pessoa, ou o género em que esta se insere, mantendo-se uma mudança geracional. Trata-se de um idoso à beira da morte que decide beijar do nada uma noiva (uma sempre carismática e radiante Meg Ryan, aqui a preparar-se para ocupar o trono de rainha das comédias românticas por uns... 7 anos - eu conto a tomada de posse a partir de "Sleepless in Seattle" pessoalmente), para depois...bem... haver uma troca de almas. Isto após uns três quartos de hora de comédia romântica acutilante q.b., em que nada faria prever esta resolução. Muito bom. Sabemos onde esta rotina de peixe fora de água se encaminha? Sinceramente, dá para desconfiar. Mas a certa altura, tememos tudo. E isso é bom.

"Prelúdio de um Beijo", na sua esquizofrenia eminente e com todos os seus problemas inerentes, é dos romances mais subestimados e... desconcertantes da sua década. E como dizer não a um filme com uma moral como "Usem fio dental!" (daquele dos dentes, não do...)?

1+1=?

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Almodóvar e Kate


Curioso no espaço de um dia ter ouvido o meu álbum favorito de 2011 e ter visto o que pode ser o meu filme favorito do ano. Ambos são respectivamente do meu realizador e artista favoritos (Pedro Almodóvar e Kate Bush), logo será muito fácil acusarem-me de parcialidade. Seja. Ambas as obras meticulosas, complexas, difíceis de ingerir, desasossegantes, mas profundamente recompensadoras a longo prazo. Ambos os autores foram já criticados em certos círculos por pisarem uma fina linha entre o génio e o ridículo, e por terem adoptado uma ligeira mudança de estilo recentemente. Almodóvar está mais frio/negro, e Kate... bem, encontrou refúgio no frio, com canções que se estendem no horizonte.



O que é curioso observar é que ambos os trabalhos representam um culminar dos mundos previamente explorados por ambos os artistas nas suas três décadas de carreira. Almodóvar, mais prolífico, teve duas fases essenciais: uma "imatura" que durou até ao início da década de 90, e outra "madura" que teve o seu auge em filmes como "Tudo Sobre a Minha Mãe", "Fala Com Ela" e "Voltar". Neste "A Pele Onde Eu Vivo", encontramos não só um humor e uma bizarria que já não víamos no cineasta desde "Kika" (a sequência do "super-tigre" que viola Vera é claramente reminiscente da cena em que Kika é violada pelo actor porno Pablo!), misturada com uma precisão e maturidade só vista nos filmes que realizou na última década. Isto tudo formando um novo pacote - não só o seu filme mais díficil, como quase que fazendo parte de um novo (terceiro) género de filme para o cineasta.



Do mesmo modo, em "50 Words for Snow" encontramos uma condensação de tudo o que se passou anteriormente - ouvem-se ecos de álbuns como o anterior "Aerial", mas também "Hounds of Love", "The Dreaming" ou "The Sensual World", o que faz com que este álbum seja uma progressão natural do seu trabalho anterior, para algo que ainda não tinha feito ainda. Desde o tamanho das canções, que aqui lembram também Talk Talk no seu período final, até a novas ideias conceptuais ainda não propriamente exploradas - incluindo uma história de amor entre uma mulher e o seu boneco de neve, e uma faixa-título que precisa de ser ouvida para ser acreditada (basicamente são "arranjadas" 50 "palavras" para neve, tal como o título sugere, numa quebra completa da estrutura clássica de uma canção).

________________

"A Pele Onde Eu Vivo" pode ser visto a partir de hoje num cinema perto de si. "50 Words for Snow" está disponível para stream no site NPR em: http://www.npr.org/2011/11/13/142133269/first-listen-kate-bush-50-words-for-snow?ps=mh_fl e estará à venda a partir da próxima semana

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Apaixonei-me


pela terceira vez. E desta terceira, é para a vida.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Apetece-me voltar atrás no tempo




só para comer o Midge Ure, bigodinho incluído.



quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Love

O tópico em que eu listo 5 gajos actores que aprecio da cabeça aos pés



sem ordem definida:

- Sam Worthington

















- Michael Fassbender




















- Tom Hardy





















- Ryan Gosling
























- Anton Yelchin



















Se vir algum sósia destes a rondar as ruas de Lisboa, please give me a call.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

domingo, 24 de julho de 2011

quarta-feira, 29 de junho de 2011

1998 - X

Pois, e não é que chegámos ao fim desta brincadeira? Por esta altura, as seis pessoas que lêem regularmente isto perguntam-se quem é que eu deixei de fora. E eu respondo: muito boa gente.

Aqui vai um pedido de desculpas pessoal à Chanita, aos Etienne, à Sheryl, e à senhora das limpezas por ter pisado o chão recentemente lavado com os meus sapatos todo-o-terreno anteontem. Quem apostou nestas tipas para 10º posto, pois.... enganei bem, não enganei? Então, mas quem será afinal de contas?

Ora vejamos... de 1998, e enfrentando mais uma potencial acusação de nostalgia, temos.... "Supposed Former Infatuation Junkie", segundo álbum de Alanis MorreSete, e, potencialmente o seu melhor. Uma viagem à Índia mais proveitosa que a de Julia Roberts, muitas canções sem estrutura clássica (sem refrão), letras muito duras e pessoais, no fundo o meio termo perfeito entre "Globe Sessions" e "Moon Pix"...um álbum corajoso, e talvez a "sequela" mais arrojada de um álbum multimultiplatinado que o mundo musical viu desde "Tusk", dos Fleetwood Mac. Por outras palavras, amo mais este álbum que....10 embalagens de chocolate preto da Ritter (aquela embalagem cor-de-rosa). Que é muito.


Alanis Morissette - Unsent por Warner-Music

E pronto, assim ficamos. Até sempre. Gosto muito de vá, 3 de vocês. Beijinhos, abraços, e apalpões fofinhos aos descomprometidos. Vá. Já podem parar.

terça-feira, 28 de junho de 2011

1998 - IX

Já os Garbage conheci-os logo em 1998, via este "Push It", no Top+ (na altura em que bandas como os Garbage, Massive Attack, Smashing Pumpkins e afins chegavam ao topo das tabelas, ou perto disso - belos tempos). Podem acusar esta escolha de ser nostálgica, mas recentemente escutei o álbum e confirmo: "Version 2.0" permanece praticamente sem falhas para o que se propõe.

Evocando memórias dispersas que vão desde a pop dos Beach Boys (precisamente em "Push It"), aos Depeche Mode ("The Trick Is To Keep Breathing"), passando pela garra de uma Chrissie Hynde nos seus tempos áureos ("Special"), "Version 2.0" é, tal como o título indica, uma versão ligeiramente mais polida do album de estreia da banda, mas não menos brilhante por causa disso. A banda sonora dos 90s passa muito por aqui.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

1998 - VIII

Tal como Lucinda Williams, peco por só ter ouvido um álbum dos Mercury Rev ainda. Mas tal como Lucinda Williams, parece que fui logo ao melhor.

"Deserter's Songs" é um álbum que às vezes vive injustamente na sombra de um "The Soft Bulletin" dos The Flaming Lips. O que é muito estranho. Para começar, "The Soft Bulletin" só seria lançado um ano mais tarde. Em segundo lugar, poderia facilmente argumentar que "Deserter's Songs", um pouco mais minimalista (menos bombástico) que "Bulletin", é ainda o melhor álbum dos dois.


terça-feira, 21 de junho de 2011

1998 - VII

"Car Wheels on a Gravel Road" permanece um pico para Lucinda Williams, um pico que muitas artistas matariam para alcançar.

Ainda assim, o seu nome não é facilmente ouvido por estas bandas. Talvez se explique pelo facto de Lucinda trabalhar em dois géneros muito... americanos ("country" e "blues"). De facto, se não fossem as listas de melhores álbuns lá fora, eu permaneceria sem a conhecer. E isso seria uma valente perda. Sendo assim, se conseguir espicaçar o interesse de pelo menos uma pessoa neste álbum, penso que já fiz a boa acção do dia.




(2 Kool 2 Be 4-Gotten indeed)

segunda-feira, 20 de junho de 2011

1998 - VI

E chegou a vez dos Massive Attack e do seu revolucionário "Mezzanine". Contando com colaborações de nomes como os de Elizabeth Fraser (dos Cocteau Twins), Mezzanine é um disco tão sujo como estranhamente orgânico dentro do seu pulsar milimétrico... e também electrónico para não variar (as seis pessoas que lêem isto estarão a notar um padrão...?). Ao contrário dos Air, os Massive já tinham tido o seu "breakthrough" com o igualmente impactante "Blue Lines". Entre um e outro álbum, conta-se muita da história do "trip-hop" e da sua evolução.

Senhoras e senhores, eis "Teardrop" com a sempre belíssima voz de Liz Fraser, um tema que serviu de introdução a muito boa gente ao universo da banda, incluindo um rapaz de 12 anos que na altura ficou fascinado com o que via no "Top +":

domingo, 19 de junho de 2011

1998 - V

Permanecemos ainda em território electrónico, agora com o álbum revelação do duo francês Air: "Moon Safari". De "Moon Safari" não há muito mais a dizer do que já todos deviam saber. Ainda um clássico incontestável, ainda gerador de memórias de vários serões e banda sonora de paixões e paixonetas passadas. Ficamos então com um dos temas e vídeos de toda uma década, "All I Need":

quinta-feira, 16 de junho de 2011

1998 - IV

Tori Amos, ou a glória dos anos 90. Cinco álbuns, qual deles o melhor (ou o pior?)... E mesmo num ano tão forte como o de 1998, "From the Choirgirl Hotel" seria uma omissão inimaginável.

À semelhança de Madonna e PJ Harvey, Tori vira-se também aqui para as electrónicas (uma tendência para este ano), não esquecendo contudo o piano que a fez famosa. Abaixo fica "Spark", o primeiro single retirado deste álbum, e um bom exemplo de uma Tori ainda mais disposta a experimentar - que culminaria na minha opinião em "To Venus and Back" um ano mais tarde. A partir daí, teve uma filha, o que lhe terá mudado os chakras todos - em termos pessoais parece bem, em termos artísticos esta maturidade e aparente felicidade teve efeitos mais negativos - sobretudo se compararmos qualquer um dos álbuns posteriores aos cinco que lançou na década de 90. *

* - ainda assim, "Scarlet's Walk" é um genuíno bom álbum, deve-se referir.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

1998 - III

PJ Harvey pode bem ser a artista mais consistente e multifacetada que o mundo musical já viu desde a Mãe Kate (com a vantagem de ainda não se ter ausentado mais de 5 anos entre álbuns e de.... tocar ao vivo - mesmo que depois fuja dos fãs. Mas isso é outra história.).

Pensando bem, já fez de tudo: "noise", rock cru, rock pop, piano, folk, blues, canções guerrilha e em "Is This Desire?", ainda o álbum favorito aqui do "je" (e da própria Polly também), aventura-se ainda mais pela electrónica que já tinha começado a explorar em "To Bring You My Love". É até o álbum à partida mais diverso dela, o que parece implicar pouca coesão. Au contraire - a ligar tudo estão histórias, no verdadeiro sentido da palavra, de mulheres (Angelene, Leah, Elise, Joy, ... ) e do amor que as une e desune - a pessoas ou à vida no limite. Eis uma que virou single:


Pj Harvey - A Perfect Day Elise por popefucker

terça-feira, 14 de junho de 2011

1998 - II

Boards of Canada foi uma descoberta algo tardia por estas bandas. Mas como já dizia o outro, "antes tarde que nunca", e com toda a razão. E até agora, permanecem intocáveis: 3 LPs, 3 drogas potentes, com um favorito pessoal a cada mês, a cada alteração de estado (facebookiano ou nem por isso), se for preciso.

Uma das particularidades que liga muitas destas 10 escolhas é o facto da música não só ter a capacidade de transformar estados de espírito, como a cada disposição nova, a música nos soar diferente. E "Music Has The Right to Children", magnífico primeiro LP deste duo electrónico, é porventura, o maior exemplo de todos. E ao ouvir músicas como esta, acreditamos de facto, que a música em si pode ser a melhor droga do Universo:




segunda-feira, 13 de junho de 2011

1998 - I

10 músicas. De 10 obras-primas (ou muito perto desse estatuto) de 1998. Tentando capturar o melhor do melhor ano para a música, na opinião deste "blogueiro".

Começamos com
Madonna, no seu álbum mais maduro - "Ray of Light". Em 1998, a rainha da pop encontra uma nova espiritualidade e uma nova voz (figurativamente e literalmente), e entrega uma das maiores obras-primas do género e não só. Eis "Drowned World/Substitute for Love", a faixa de abertura do álbum:

segunda-feira, 6 de junho de 2011

California

Porque California não merece ser lembrada por um êxito trashy de Katy Perry, eis três visões distintas e igualmente avassaladoras sobre um mesmo estado, separadas por quatro décadas:








quinta-feira, 2 de junho de 2011

Suede


Suede
You always felt like suede
There are days I feel your twin
Peekaboo
Hiding underneath your skin
Jets are rewing
Yes rewing
From a central source
And this has power over me
Not becuase you feel something
Or don't feel something for me
But becuase
Mass so big it can swallow
Swallow her whole star intact
Call me 'evil' call me 'tide is on your side'
Anything that you want
Anybody knows you can conjure anything
By the dark of the moon
Boy and if you keep your silence
Silencer on you'll
Talk yourself right into a job
Out of a hole
Into my bayou
I'm sure that you've been briefed
My absorption lines
They are frayed
And I fear
My fear is greater than my faith
But I walk
The missionary way
You always felt like suede
There are days I am your twin
Peekaboo
Hinding underneath your skin
Juets are rewing
Yes rewing
From an ether twist
Call me 'evil' little sister
I guess i'd do the same
Little sister
You'll forgive me one day




terça-feira, 17 de maio de 2011

segunda-feira, 9 de maio de 2011

O Último a Sair - ou o derradeiro acto de coragem televisiva

Curioso pensar que as sátiras a "reality shows" existiram porventura até antes dos próprios "reality shows" se tornarem uma moda. Olhe-se para o magnífico e assustadoramente realista "The Truman Show" em 1998, que surgiria até antes da febre "Big Brother". Nessa altura, mal sabíamos no que nos íamos meter a seguir.

Em 2001, surge-nos "Series 7: The Contenders", talvez o exemplo mais corrosivo e drástico de uma nova maneira de fazer televisão - e consequentemente, mostrando uma nova maneira de fazer cinema (iniciada um par de anos antes com o fenómeno "Blair Witch"). No filme, uma série de concorrentes são escolhidos via sorteio de uma lotaria nacional, vendo-se forçados a matarem-se uns aos outros, de modo a ficar só um vivo - o vencedor do concurso.

Nessa altura, Portugal ainda vive na euforia do primeiro "Big Brother", e com o icónico pontapé de Marco Borges a Sónia. E quem ficou mais famoso dos dois? Pois...aquele que é precisamente um dos concorrentes de "O Último a Sair", um grande safanão não só a toda uma cultura televisiva mas social, no qual cada português, incluindo aquele que diz que não gosta de ver, mas não resiste a olhar, escapa impune.

A verdade é que a ideia de "fake reality show", não sendo original (pelos exemplos acima descritos e por muitos outros que ficaram mais esquecidos), é pioneira no nosso país. Um país de brandos costumes. Um país em que o povo ainda acredita em tudo o que vê. Em que o Telejornal mais visto nos vende "histórias" mascaradas de notícias. E por isso, estrear este programa, taco a taco com outros pesos pesados da concorrência, é simultaneamente um acto estrondoso de coragem televisiva e de inteligência suprema. A questão que fica é: será que o público em geral percebeu de facto a piada? Curioso pensar que até "Series 7" teve malta a pensar que o que estavam a ver era real. Para já, temos um pedregulho no charco (pântano) televisivo. Esperemos réplicas.




quinta-feira, 28 de abril de 2011

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sras. e Srs.

Eis Kate Bush de volta aos discos e videos (o vídeo é da sua autoria... e arrisco a dizer que aqueles lábios também o serão):


quinta-feira, 21 de abril de 2011

sexta-feira, 15 de abril de 2011

terça-feira, 5 de abril de 2011

So...

this is the day.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Um mês

Sem redes sociais, nem perfis de engate.

Não é uma mentira, é uma promessa a cumprir.

Irá André sobreviver? Não perca os próximos capítulos, porque nós também não.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Tentando desconstruir um telefilme da TVI

Domingo à noite. 1 da manhã, não tenho ainda sono. O que faço? Ataco o frigorífico e a despensa, poistáclaro. Para complementar, escolho ligar o televisor - sim, que isto de comer sozinho e em silêncio faz-me confusão a maior parte das vezes. Ligo, e vou fazendo zapping até encontrar Rita Salema com bolinha vermelha no canto superior direito. "Isto promete", pensei. "Deve ser um telefilme daqueles casos da vida.", conclui. E cumpriu, dentro dos possíveis.

Rita Salema é Professora Alberta, que se apaixona (e é correspondida pois claro!) por Jorge, um jovem actor amorangado bem jeitoso (pois claro!) 22 anos mais novo. Até aqui tudo bem, ou tudo mal, dependendo da sua abertura. As acções e grandes revelações decorrem sobretudo quer nas escadas da faculdade/pavilhão (ou lá o que seja aquele cenário), ou num espaço que é um misto de biblioteca com sala de professores e ainda serve cafés, e duplas tostas mistas. (A-moo) Convém aplaudir aqui a coragem de Sónia Brazão em se transformar tanto em algo que acaba ao fim de hora e meia, e não terá o mínimo efeito na sua carreira. Mas quem é que nunca gostou de brincar aos vestidos? Quem é que nunca sonhou em ter um penteado todo "hip" cheio de tranças? Ah pois é...

Nisto surge a filha da professora em cena. A partir do momento em que ela fala de um duplo date com o namorado dela e o pai para a mãe que o espectador com três digitos de Q.I. soma 2+2 e sabe logo que aquele namorado não é mais que o rapaz que se confessa apaixonado pela professora. Em vez de adormecermos logo, aguentamos o típico intervalo de 15 minutos para sabermos se a) o palpite estava certo; b) afinal eles ficam juntos ou se é tudo uma fantochada. Maior é o choque de encontrar Ricardo Carriço no papel de pai do moço, sinceramente. Maior choque ainda será ver Ricardo Carriço e o filho juntos no ginásio, nas cenas que servem como complemento masculino a Sónia Brazão e Rita Salema (e a empregada muito retro-romântica) na tal sala multifunções. Ou então não.

Mas adiante. A professora fica obviamente chocada quando em grande momento de suspense surge o seu amado como namorado da filha, jantar "awkward", saída para a cozinha, o namorado diz que a vai ajudar, ela dá-lhe uma chapada, eles beijam-se, a filha vê, sai de casa, Rita Salema não sabe o que fazer, mas decide investir na relação com o jovem (ah grande!), nisto vem o ex-marido de Los Angeles que já não vê a filha para estragar tudo, e separar o casal, mas até que faz as pazes com a filha e ex-mulher... e isto tudo para acabarmos por ver num twist final desconcertante a filha de Rita Salema a vingar-se, juntando-se a... Ricardo Carriço, pois lá está! Hein? Vejam lá se isto não prende logo. Sobretudo com a ausência de pontos finais. :)

O que é que aprendemos com isto? Que a diferença de idades não importa numa relação, mas se calhar até condiciona? Ricardo Carriço ainda consegue engatar morangoskas? Rita Salema não tem receios de se despir e de fazer cenas mais picantes (incluindo beijos e... vá... uma sequência mesmo surreal e apetitosa, que mais parece uma fantasia de dona de casa <3)? Sónia Brazão não tem receios de dar aulas usando um penteado cheio de tranças? Será Sónia Brazão a representação mais adulta da filha de Rita Salema quando o pai lhe abandonou? E onde está o famoso professor de Moral? Com isto tudo, temos material mais que suficiente para nos ocupar a cabeça durante a próxima semana. TVI, a televisão que nos faz acima de tudo sentir iluminados e inteligentes.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Um apelo para que o melhor filme dos últimos dois anos não passe a DVD


Cara Castello Lopes,

No momento em que escrevo estas linhas, o destino de "Nunca Me Deixes" de Mark Romanek continua algo incerto. Se nunca tivesse ouvido falar do filme, não seria convosco que iria começar a ouvir falar. Originalmente com estreia marcada para Janeiro, passando depois para a primeira semana de Março, a verdade é que esta situação só me faz lembrar da não-estreia de "(500) Days of Summer", por coincidência um outro filme a vosso cargo.

Não saberei medir índices de previsões de sucesso tão bem como os vossos peritos (espero!), mas sei o seguinte: todo o filme minimamente competente deveria ter direito a pelo menos uma sala de cinema. O caso de "Nunca Me Deixes" é ainda mais gritante: não só é dos filmes mais belos de 2010 esteticamente (apesar da sua beleza ser uma beleza muito marcada pelo negrume da mensagem não tão positiva sobre a espécie humana), como é baseado num magnífico "bestseller" homónimo (de Kazuo Ishiguro), como é o meu filme favorito dos últimos 2 anos (e apenas o 2º ou 3º nesse período ao qual atribuiria a nota máxima de 10/10). Se o papel de um crítico, mais ou menos profissional, é o de ajudar a chegar um filme ao público, como ainda acredito, do meu lado terão todo o apoio preciso para divulgar o filme, como poderão confirmar brevemente pela minha crítica abaixo.

Portanto, peço então, de joelhos se for preciso, para que ponham o filme cá para fora de uma vez por todas, e deixem o público descobri-lo, nem que seja numa sala obscura do King.

Obrigado pela atenção,
André Gonçalves



Texto a ser publicado brevemente no c7nema.net:

O que é (o) ser humano?


Eis a grande base que nos propõe este assombroso e já subestimado “Nunca Me Deixes”, uma obra-prima existencialista mascarada de um híbrido de filme de ficção científica retro-futurista com uma produção de época britânica Merchant-Ivory, como muitos já o descreveram.


Esta mistura tinha muito para dar errado. Mas Mark Romanek, vindo da escola de videoclipes que nos trouxe já nomes como os de Jonathan Glazer, David Fincher, ou Michel Gondry, sabe muito bem o que faz. E ao decidir adaptar fielmente o igualmente sublime romance de Kazuo Ishiguro ao grande ecrã (o seu “Os Despojos do Dia” já tinha sido posto na tela pela dupla... Merchant e Ivory. Coincidência?), realiza aqui um filme que será certamente visto com melhores olhos daqui a umas décadas, cumprindo a tradição infeliz de alguma ficção científica com ideias ter que sofrer as passas do Algarve até obter o reconhecimento merecido (“Blade Runner”, “Gattaca”, “A.I.” e “Birth” são apenas alguns dos exemplos que me vêm à memória). As zero nomeações ao Oscar são ainda assim, um tiro no coração deste crítico semi-profissional.


Contar a história de “Nunca Me Deixes” é complicado, uma vez que o conceito de “spoiler” entra aqui em efeito só com uma simples leitura da sinopse. Mas ao contrário de outros filmes, puramente baseados nas suas reviravoltas, “Nunca Me Deixes” não se prende ao momento em que Miss Lucy anuncia aos seus alunos o motivo pelo qual estes são especiais. Podemos dizer que estamos perante uma das fábulas existencialistas mais deprimentes e cruéis dos últimos anos, não tão longe do cenário mais satírico de um “Canino” como se poderia pensar, embora com mais romantismo à mistura. Cruel, não só pelos meios e principalmente os fins para os quais estes estudantes são criados. Cruel, porque fala-nos de algo comum a qualquer ser humano: todos nós, enquanto humanos, temos um tempo limitado aqui. E portanto, a história de três jovens transforma-se na história da nossa humanidade.


E no entanto, haverá muito boa gente que ainda pergunte “Mas porque é que estes jovens não fogem – ou tentam fugir pelo menos?”, como em qualquer filme que vimos neste contexto. É humano fugir, e portanto será humano perguntar. E eis que encontramos o cerne deste maravilhoso e cruel filme: quantos de nós fugimos de facto das nossas vidas, e do “deixa andar”? Não será tão ou mais humano do que a rebeldia, a passividade?


“Mas porquê tanto trabalho para os criar?” A metáfora tem sempre um contraponto. Obviamente que aceitar a metáfora, e ligar a estas personagens, e perguntarmo-nos se de facto estamos a aproveitar bem o nosso tempo, é parte essencial de adorarmos ou não este filme.


Não estou à espera que todos percebam este meu amor aqui, teriam que olhar para dentro da minha alma, se não para dentro das vossas próprias almas. Ainda assim, nenhum outro filme me tocou da mesma maneira no último ano ou dois como “Nunca Me Deixes”. Talvez seja mesmo isto que faça de nós humanos. Amarmos profundamente e irracionalmente algo, porque nos relacionamos com o que nos estão a dizer, a cada segundo. Porque ao acompanhar os olhos sábios e genuínos de Carey Mulligan, o grito ensurdecedor de Andrew Garfield, ou a culpa de Keira Knightley disfarçada de inexpressividade (que elenco, é preciso salientar!), sabemos que afinal, estamos todos no mesmo barco.


Podia encher mais uma página, a falar de como o estilo de Romanek me fez lembrar, tal como a outros críticos, de outros realizadores do passado (como Malick, Kubrick, Ozu, Campion… ), na sua esmagadora subtileza, e poesia visual. E falar também um pouco sobre a belíssima banda sonora de Rachel Portman, composta muito à base de violinos. Mas o tempo escasseia, tal como os preciosos 103 minutos deste filme nos mostram. E portanto, eis que sigo em frente na esperança de estar a viver suficientemente bem a minha vida.



quinta-feira, 10 de março de 2011

quarta-feira, 2 de março de 2011

terça-feira, 1 de março de 2011

R.E.M. have three types of albums

- Magnificent, life/career changing (Murmurs, Automatic, etc.)

- Good ones (Reveal, Up, Accelerate, ... )

- Around the Sun

Collapse Into Now seems like one of the good ones at the very least.

Listen here


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Em defesa de... Autoamerican, Blondie (1980)


Vou ser muito sucinto. "Parallel Lines" é e será sempre O marco da história dos Blondie. "Eat to the Beat" é também um excelente "follow-up", embora a repetir um pouco a fórmula, salvo ali num ou outro momento ("Victor"'?).

E eis que chegamos a este "Autoamerican", que teria o meu título de álbum mais esquisito que ouvi nos meus 25 anos se não fosse o facto de "Trout Mask Replica" há uns dias atrás lhe ter roubado o título... Mas digamos então da seguinte maneira: "Autoamerican" é dos álbuns mais esquisitos, o mais subestimado e o mais apetecível que ouvi nos meus 25 anos. Será também o álbum mais arrojado da sua carreira, a marcar ali uma clara colisão com o que veio antes.


De que outro modo é que se pode descrever um álbum que começa com uma faixa inspirada por Brian Eno ("Europa"), e pelo meio atravessa géneros de música como chamber pop, jazz, disco, bastantes ecos do new wave que tão bem aperfeiçoaram (em "growers" como "Angels in the Balcony" e "Go Through It"), e explora ainda novos caminhos, como o reggae e o rap? Olhe-se para "Rapture", um single indiscutivelmente icónico por marcar precisamente uma das primeiras ocasiões em que o "rap" é introduzido no "mainstream" (primeiro single "rap" no #1 da Billboard). "The Tide is High", transformado entretanto em "hit" de "drunk karaoke", é outro dos singles que encontramos aqui. Olhando para estes dois, reparamos claramente no choque entre os Blondies que encontrávamos há um álbum atrás, e uns Blondie de 1980.

"Autoamerican" é quase o sonho molhado de um audiófilo eclético, portanto. Será um disco perfeito? Não. Mas acaba por ser melhor que isso, em muitos aspectos. Acaba por ser uma surpresa agradável para quem vinha com uma ideia bastante negativa dele. Acaba também por ser o último sinal de grandeza de uma banda que viria pouco depois a separar-se pela primeira vez. E se o novo álbum tiver metade do arrojo deste, já me dou por satisfeito. Over and out.


sábado, 12 de fevereiro de 2011

Joan as Police Woman


Anna Calvi, PJ Harvey, Cut Copy, James Blake, Destroyer, ... muitos são os nomes que estão a dominar já as conversações musicais neste início de 2011.

Infelizmente, temo que o nome de Joan Wasser vá mais uma vez ser passado ao lado. Com "Real Life", o primeiro (excelente) álbum lançado 2006, antes da explosão de estrelas femininas britânicas pop/indie-pop de carinha laroca (a começar por Lily Allen e a ameaçar não ter fim), Joan as Police Woman conseguiu aí chamar algum foco merecido de publicações mais alternativas.


Mas o hype acabou por morrer um pouco com "o fenómeno Lily Allen", e a aparente indiferença com que foi recebido o seu segundo álbum e agora este "The Deep Field", mostram isso.


Infelizmente, porque "The Deep Field" arrisca-se a ser o melhor álbum que ninguém mais ouviu em 2011. Marcado por uma maturidade assombrosa face ao seu debut, e por uma mudança de som mais orientada desta vez mais para a soul e o rock progressivo dos anos 70 - demonstrados em máximo potencial em faixas como o single "The Magic" ou o hipnotizante "Flash", este deveria ser o álbum que finalmente a punha no mapa internacional. Não há aqui uma faixa que me tenha deixado indiferente, ao fim de duas escutas. E no entanto, quantos saberão que este álbum já se encontra à venda há três semanas? Leu-se uma ou outra crítica inconsequente a falar em "álbum do ano", sim, é verdade, mas lá está, é uma publicação com 1% da influência de uma Pitchfork.

Olhando para o copo como estando meio cheio, isto ainda permite que a menina se desloque cá cinco vezes (!), e para concertos relativamente baratos num bar, num cine-teatro e num auditório (dentro de um casino). Haja algo a ganhar com a indiferença e a não presença em "polls" de "Som do Ano"...

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Nesta edição de "Filmes meio trashy mas que paramos para ver. Vezes sem conta"...

Um pormenor nada secundário: Desmond Harrington é, para além de um pequeno recordista neste género, das pessoas mais sexy rejeitadas pela indústria. O mesmo para Eliza Dushku.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

True Story

No outro dia sonhei que estava a ser lambido por trás (na nuca?) por um hipopótamo. E tava-me a saber bem.

Sigmund Freud, analyze this, analyze this, analyze this this this this.


sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Podcast 2010/2011

Eis. Após umas.... três horas aqui a marrar em arranjar um alinhamento mais perfeito possível. A gravação é do primeiro take, St. Clinto style. LOL (gravação directamente de um portátil, sem micro adequado portanto)

http://www.4shared.com/audio/rQtxokIC/podcast.html

Download aqui: http://www.4shared.com/get/rQtxokIC/podcast.html


Impressões:

- a minha voz é assustadora;

- a mixagem em si (tirando ter cortado palavras iniciais minhas) parece-me mt boa, modéstia aparte. Se alguma rádio me quiser contratar, prometo treinar a minha colocação de voz com o visionamento em loop de programas da Júlia Pinheiro.

- a lista de canções será divulgada posteriormente, a quem estiver de facto interessado. Acho engraçado o efeito surpresa de um mix destes.

Boa escuta a quem se aventurar a ouvir isto. :)

 

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