Há os romances bonitinhos e perfeitinhos de Danielle Steel e Nicholas Sparks, e do lado oposto do espectro, há os romances de carne e osso que encontramos em filmes como "Like Crazy". Humanos, motivados por razões igualmente irracionais, mas que cometem erros que escapam ao mundo cor-de-rosa dos livros.
Neste caso, não há qualquer conflito entre pais, ou diferença social, económica, sexual, de género, ou o que quer que seja. Há dois jovens - Anna e Jacob - minimamente atraentes é certo (há essa cedência), que se conhecem e apaixonam nos Estados Unidos. Ela tem um visto de estudante, que deixa estupidamente expirar... por amor. Será fácil questionar porque raio é que a personagem faz isso. Assim como será facil racionalizar outros aspectos: porque é que Jacob não se muda para o Reino Unido? Ou porque é que não se mudam para um outro país qualquer do globo? Mas o amor, tal como a vida, não pode ser medido com as medidas típicas que usamos habitualmente para avaliar quantitativamente e qualitativamente obras e restantes objectos. E ao acreditarmos plenamente naquela relação, e naquelas personagens (fruto também de performances apaixonantes e muito improvisadas do par Felicity Jones+Anton Yelchin - a partir de um esboço de 50 páginas), acreditamos nos seus erros humanos. Acreditamos que o amor é importante, mas em muitos aspectos deixar uma vida assegurada pode ser assustador para um dos membros. Que o amor é grande mas raramente pode ser 50/50. Que o verdadeiro amor pode não sobreviver a um simples lapso, infelizmente.
"Like Crazy" revela-nos também um estilo muito próprio a filmar este desabrochar e desenvolver de relação, nascido em Sundance sim, mas com uma marca identitária capaz de fazer-nos querer ver a restante obra de Drake Doremus. Muitas das pontes entre cenas (sobretudo na primeira metade) são feitas através de montagens de imagens ao som de música, aparentemente baratas, mas posteriormente plenamente justificadas, dado o contexto. É que as imagens adquirem aqui um autêntico estatuto de memórias positivas e incandescentes a serem coladas com fita adesiva em páginas de um álbum, ao lado de palavras sentidas. São as imagens passadas que posteriormente alimentam (e validam) esta relação à distância. E podemos chegar a um ponto onde estas passaram de tal modo a fazer parte de uma alimentação interna, que já não nos reconhecemos naquelas fotografias. E é aí que Doremus dá um toque final de génio a uma história despida e esqueletada, num final tão ambíguo como avassalador.
Neste caso, não há qualquer conflito entre pais, ou diferença social, económica, sexual, de género, ou o que quer que seja. Há dois jovens - Anna e Jacob - minimamente atraentes é certo (há essa cedência), que se conhecem e apaixonam nos Estados Unidos. Ela tem um visto de estudante, que deixa estupidamente expirar... por amor. Será fácil questionar porque raio é que a personagem faz isso. Assim como será facil racionalizar outros aspectos: porque é que Jacob não se muda para o Reino Unido? Ou porque é que não se mudam para um outro país qualquer do globo? Mas o amor, tal como a vida, não pode ser medido com as medidas típicas que usamos habitualmente para avaliar quantitativamente e qualitativamente obras e restantes objectos. E ao acreditarmos plenamente naquela relação, e naquelas personagens (fruto também de performances apaixonantes e muito improvisadas do par Felicity Jones+Anton Yelchin - a partir de um esboço de 50 páginas), acreditamos nos seus erros humanos. Acreditamos que o amor é importante, mas em muitos aspectos deixar uma vida assegurada pode ser assustador para um dos membros. Que o amor é grande mas raramente pode ser 50/50. Que o verdadeiro amor pode não sobreviver a um simples lapso, infelizmente.
"Like Crazy" revela-nos também um estilo muito próprio a filmar este desabrochar e desenvolver de relação, nascido em Sundance sim, mas com uma marca identitária capaz de fazer-nos querer ver a restante obra de Drake Doremus. Muitas das pontes entre cenas (sobretudo na primeira metade) são feitas através de montagens de imagens ao som de música, aparentemente baratas, mas posteriormente plenamente justificadas, dado o contexto. É que as imagens adquirem aqui um autêntico estatuto de memórias positivas e incandescentes a serem coladas com fita adesiva em páginas de um álbum, ao lado de palavras sentidas. São as imagens passadas que posteriormente alimentam (e validam) esta relação à distância. E podemos chegar a um ponto onde estas passaram de tal modo a fazer parte de uma alimentação interna, que já não nos reconhecemos naquelas fotografias. E é aí que Doremus dá um toque final de génio a uma história despida e esqueletada, num final tão ambíguo como avassalador.
"Like Crazy" não será um filme para todos. Mas para quem já atravessou uma relação autêntica repleta de obstáculos (nomeadamente relações à distância), é muito provável que vá bater forte. Se até a mim, pouco experiente nestas lides do "amor verdadeiro", bateu...
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