quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Irmãs



Só para deixar umas palavras ao magnífico "Rachel Getting Married" de Jonathan Demme, até ao momento o meu filme favorito deste ano (ou será do próximo? hmmm...), cumprindo plenamente as expectativas altíssimas que tinha posto sobre ele.

É com grande alegria que encontrei o que estava precisamente à espera de encontrar: representações formidáveis aliadas a uma escrita simultaneamente apurada e espontânea com algumas reviravoltas na manga por revela (da autoria de Jenny Lumet, filha de Sidney Lumet), e uma fluência
incrivelmente próxima da vida real, onde uma cena simplesmente prossegue livremente, quando normalmente é cortada a meio, escolhendo-se o "melhor" momento e deitando-se fora o resto.

É uma decisão genial por parte de Demme e companhia e que nos faz realmente entrar dentro daquele casamento tão curioso, como con
vidados. O melhor exemplo desta abordagem estará provavelmente em toda a cena do jantar de ensaio, com os vários discursos aos noivos, que culminam no momento em que Kym (Anne Hathaway, na performance de uma carreira, a qual deverá deitar fora o rótulo de "gaja dos Diários de uma Princesa" que eu próprio usei a propósito de chamar a atenção deste filme às pessoas), a irmã da noiva ex-viciada e ainda embrenhada num sentimento de culpa tremendo devido a um passado negro, decide finalmente falar. Num típico filme de Hollywood, o realizador e argumentista decidiriam passar dois ou três discursos no máximo antes do grande momento. Em "Rachel Getting Married", por muito que isso possa ter irritado alguns, todos parecem ter uma palavra a dizer, e na altura em que Kym decide fazer ela própria o seu discurso não antecipado, a tensão encontra-se bastante mais alta. Oscar para Anne Hathaway, se faz favor - a nomeação não deve escapar, pelo menos.



Também merecedores de prémios e nomeações são os restantes membros principais de um elenco adorável na sua diversidade e união, ao mesmo tempo. A até agora desconhecida Rosemarie DeWitt causa finalmente impacto no grande ecrã no papel titular. Debra Winger, durante tanto tempo ausente destas lides, é poderosa num papel curto mas que me hipnotizou por completo não só durante o filme como nos dias que se seguiram ao visionamento. Há apenas uma sequência "fácil de premiar" por assim dizer, sem querer revelar muito, mas estamos realmente perante aquele tipo de performance ideal para a personagem em questão: uma mulher e uma mãe que se tornou quase num fantasma, uma figura distante que vive a fugir de um passado terrível embora tenha que cumprir o seu papel social. No papel manhoso de "pai maternal" que quer apenas conquistar as suas filhas e esquecer o passado, Bill Irwin é também extremamente bom.

Há algum tempo atrás, por ocasião do filme "Entre les Murs" ("A Turma"), dizia que desejava que Hollywood fizesse mais dramas realistas, de modo a descontruir mais facilmente alguns estereótipos típicos da sétima arte. Com um filme com uma tradição tão grande por detrás como "Rachel Getting Married" no que diz respeito à sua temática (alguém saberá quantos filmes de casamentos se fizeram em toda a história?) , vejo este desejo cumprido, e apesar de não ser propriamente da grande fábrica de Hollywood, é provavelmente o mais próximo que chegaremos a uma dramédia familiar "real" nestes dias. Real entre aspas, pois o conceito em si encontra-se muito diluído, graças aos inúmeros "reality shows" que passam na televisão.

domingo, 23 de novembro de 2008

A minha mochila foi discriminada

True story.

Alguém me explica porque é que nos casinos as mochilas têm de ficar no bengaleiro e por exemplo as malas à tiracolo, que serão até mais fáceis de abrir (!), passam na boa?

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Droide Filipe Estoril->Algés


Ficará como um daqueles momentos a recordar, porventura a maior loucura dos meus quase 23 anos, e uma daquelas histórias mirabolantes e inacreditáveis a contar daqui a uns anos quando não se tiver mais nada para falar/como prova de insanidade mental minha, se quiser afastar alguém...

A verdade é que terei feito a minha maior caminhada da minha vida ao ponto de hoje ter os pés lixados que nem uns bons minutos em água quente resolverão tão facilmente, e isto na mais perigosa das situações para muitos. Ao menos poderei finalmente riscar da lista de coisas a fazer antes de morrer "Ir a pé de Estoril a Algés em plena madrugada, demorando umas 3 horas e sobreviver".

1h45m - confirmo a informação que os comboios da CP deixaram de funcionar há uns minutos na linha de Cascais. A única alternativa a pagar uma tarifa altíssima de táxi, ou pedir boleia a qualquer estranho, será o de aguardar pelas 5 e meia da manhã; decido ir dar uma volta às redondezas...

2h30m - já com uma volta dada ao espaço, farto de estar sem fazer nada e sem querer voltar ao Casino, começo estranhamente a querer andar na direcção de Lisboa, a caminhar simplesmente pela Marginal. Quando dou por mim, já passei S. Pedro. Vejo um bar/disco ali junto à costa, mas ironia das ironias, sinto-me com algum receio de lá entrar (olhando para trás não teria sido uma má ideia de passar o tempo). Segue-se Parede e Carcavelos, esta ultima já perto das 4. Apesar de me sentir arrepiado com barulhos e dois homens numa esquina, começo a pensar que vou conseguir e que será menos perigoso prosseguir que fica ali à espera. Afinal, sempre estou a ocupar o tempo. Forte São Julião da Barra... interessante.

5h30m - segunda ironia: os comboios começam a voltar a funcionar estou eu ainda tentar chegar a Algés. Torna-se a viagem turística mais esquisita da minha vida facilmente. Boa maneira de me lembrar por muito tempo do nome das estações: Santo Amaro. Paço de Arcos. (Estou a ver já a ponte de longe... deve estar perto) Caxias. Cruz Quebrada (tinha-me esquecido desta..a pensar que era logo depois de Caxias :\) .

6 e picos - Após mais de três horas e meia a "passear" e já com os pés meio a arrastar, finalmente avisto uma paragem da Carris, finalmente constato que o Aquário Vasco da Gama fica ali, naquela zona (claro!), e começo a ficar extremamente orgulhoso do percurso que fiz e pelo facto de não ter caído ao chão todo desidratado. Paragem do 750 a uns quarteirões! A partir daqui estou safo.

Valeu a poupança de trocos a experiência? Bem, enquanto experiência nova, tou contente de a ter tido e de ter visto a linha com outros olhos por assim dizer lol. Para constatar que a distância que une Estoril ao concelho de Lisboa é de facto bastante grande, e que uma viagem de comboio pode nem transmitir isso, por meia hora que demore, valeu a pena. Isto pesando os pés todos lixados e uma pequena bolha que já contei entretanto.

Indo agora directamente ao motivo que me pôs nesta viagem insana, por sinal um filme de viagens e de experiências: "Vicky Cristina Barcelona" é de facto um dos filmes mais agradáveis de se ver do senhor Woody Allen, cumprindo as minhas altas expectativas, as quais me fizeram esperar por uma sessão extra da meia-noite (devido ao esgotamento da sessão das 22h) e assim arriscar-me a perder todo e qualquer tipo de transporte público que me ligava até Lisboa.

Aproveitando-se do lindíssimo cenário de Barcelona que o rodeia, Allen consegue também construir um argumento rico de bons diálogos, como já é característica sua afinal. Das actrizes, para além de Penelope Cruz, que vai certamente aos Oscars, quer quisessemos quer não (neste caso até será merecida a estatueta caso a conquiste), surpreendi-me mais com Rebecca Hall, a verdadeira protagonista do filme e uma perfeita desconhecida aos meus olhos numa performance mais subtil do que a de Cruz. Quanto a Scarlett Johansson e a Javier Bardem, continuam sexys e a cumprir plenamente o desejado aqui.

E quanto ao tema musical principal, é daqueles que nos fica na memória durante muito tempo... irresistível.


sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Um professor e os seus alunos




Milagre: após alguns anos de decisões pouco acertadas (com as excepções de "Elephant" de Gus Van Sant e "La Stanza di Figlio" de Nanni Moretti), o júri anual do Festival de Cannes consegue pelo segundo ano consecutivo atribuir a Palma de Ouro a um filme realmente merecedor desse estatuto. É ele "Entre les Murs" de Laurent Canet, em exibição há uma semana.

Segundo milagre: "Entre Les Murs", por aqui com o título "A Turma", é dotado de uma dose de realismo e de uma fluência não só ausente do cinema norte-americano tão facilmente atacado, como do próprio cinema que gosta de se etiquetar como "socialmente realista" (lembro-me de repente de outra Palma de Ouro do passado...). Do cinema, ponto final, portanto. Isto sim é cinema realista, social, ou o que quiserem chamar. Não é por acaso que o
filme chegou a ter direito a projecção na última edição do doclisboa, e sinceramente terá mais direito num festival desse género que uma longa-metragem do Michael Moore, mas isso daria pano para uma outra conversa.

Será possível fazer um filme absolutamente magnético apenas a partir de um liceu comum a muitos outros? A resposta é um definitivo "sim!". Esperemos que num futuro não muito distante, este filme seja mostrado nas escolas de todo o país, que não se encontrarão tão longe da que é aqui mostrada...



domingo, 2 de novembro de 2008

Romy & Michelle



[looking at yearbook pictures]
Romy: Oh my God! Remember what a big controversy it was for us to have our picture taken together?
Michele: Yeah, because Danny Weller like, lodged that complaint. Because alphabetically he was supposed to be between us.
Romy: So we said: "OK Danny. If you want to be between us, come to Michele's house on Friday night and we'll be waiting."
Michele: And then he showed up, and we were like: "Danny, it was a joke!"
Romy: And then we turned the sprinklers on him!
[both laugh hysterically]
Michele: Oh my God!
[abruptly stops laughing]
Michele: Didn't he die?
Romy: I think so.
 

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