segunda-feira, 28 de março de 2011

Tentando desconstruir um telefilme da TVI

Domingo à noite. 1 da manhã, não tenho ainda sono. O que faço? Ataco o frigorífico e a despensa, poistáclaro. Para complementar, escolho ligar o televisor - sim, que isto de comer sozinho e em silêncio faz-me confusão a maior parte das vezes. Ligo, e vou fazendo zapping até encontrar Rita Salema com bolinha vermelha no canto superior direito. "Isto promete", pensei. "Deve ser um telefilme daqueles casos da vida.", conclui. E cumpriu, dentro dos possíveis.

Rita Salema é Professora Alberta, que se apaixona (e é correspondida pois claro!) por Jorge, um jovem actor amorangado bem jeitoso (pois claro!) 22 anos mais novo. Até aqui tudo bem, ou tudo mal, dependendo da sua abertura. As acções e grandes revelações decorrem sobretudo quer nas escadas da faculdade/pavilhão (ou lá o que seja aquele cenário), ou num espaço que é um misto de biblioteca com sala de professores e ainda serve cafés, e duplas tostas mistas. (A-moo) Convém aplaudir aqui a coragem de Sónia Brazão em se transformar tanto em algo que acaba ao fim de hora e meia, e não terá o mínimo efeito na sua carreira. Mas quem é que nunca gostou de brincar aos vestidos? Quem é que nunca sonhou em ter um penteado todo "hip" cheio de tranças? Ah pois é...

Nisto surge a filha da professora em cena. A partir do momento em que ela fala de um duplo date com o namorado dela e o pai para a mãe que o espectador com três digitos de Q.I. soma 2+2 e sabe logo que aquele namorado não é mais que o rapaz que se confessa apaixonado pela professora. Em vez de adormecermos logo, aguentamos o típico intervalo de 15 minutos para sabermos se a) o palpite estava certo; b) afinal eles ficam juntos ou se é tudo uma fantochada. Maior é o choque de encontrar Ricardo Carriço no papel de pai do moço, sinceramente. Maior choque ainda será ver Ricardo Carriço e o filho juntos no ginásio, nas cenas que servem como complemento masculino a Sónia Brazão e Rita Salema (e a empregada muito retro-romântica) na tal sala multifunções. Ou então não.

Mas adiante. A professora fica obviamente chocada quando em grande momento de suspense surge o seu amado como namorado da filha, jantar "awkward", saída para a cozinha, o namorado diz que a vai ajudar, ela dá-lhe uma chapada, eles beijam-se, a filha vê, sai de casa, Rita Salema não sabe o que fazer, mas decide investir na relação com o jovem (ah grande!), nisto vem o ex-marido de Los Angeles que já não vê a filha para estragar tudo, e separar o casal, mas até que faz as pazes com a filha e ex-mulher... e isto tudo para acabarmos por ver num twist final desconcertante a filha de Rita Salema a vingar-se, juntando-se a... Ricardo Carriço, pois lá está! Hein? Vejam lá se isto não prende logo. Sobretudo com a ausência de pontos finais. :)

O que é que aprendemos com isto? Que a diferença de idades não importa numa relação, mas se calhar até condiciona? Ricardo Carriço ainda consegue engatar morangoskas? Rita Salema não tem receios de se despir e de fazer cenas mais picantes (incluindo beijos e... vá... uma sequência mesmo surreal e apetitosa, que mais parece uma fantasia de dona de casa <3)? Sónia Brazão não tem receios de dar aulas usando um penteado cheio de tranças? Será Sónia Brazão a representação mais adulta da filha de Rita Salema quando o pai lhe abandonou? E onde está o famoso professor de Moral? Com isto tudo, temos material mais que suficiente para nos ocupar a cabeça durante a próxima semana. TVI, a televisão que nos faz acima de tudo sentir iluminados e inteligentes.


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