domingo, 24 de outubro de 2010

-

Já me doeu a cabeça. Hoje dói-me o peito. Enquanto desço a rua, relembro flashes. A minha irmã a gritar-me "bicha homossexual" repetidamente sendo eu ainda puto, numa lengalenga melódica. A minha mãe, que numa daquelas discussões que só vai desaparecer quando o Alzheimer me corroer o disco aos 60 anos (se chegar lá...), a dizer que mais valia não me ter tido. Falsos sonhos. Falsas alucinações. Lembranças.  

Afinal, o que é que tenho aqui que valha realmente a pena? Será que estou realmente a aproveitar a minha vida? Termino um curso, digo umas piadas, ganho conhecimentos diversos, finjo que sou alguém, para quê? Sou feliz? Sou triste? Não consigo responder. Também, para quê aproveitar, se mais cedo ou mais tarde seremos todos alimento para minhocas? Talvez seja por isso que seja preciso existir Deus. Se existir de facto algo superior e exterior a nós, espero que pelo menos se esteja a divertir com o espectáculo. Eu também vou tentando apreciar a vida humana, com os seus altos e baixos, às vezes de uma forma passiva, de uma consciência que preferia não ter - de que mais cedo ou mais tarde, também eu irei morrer. 

3 comentários:

Hernâni Gomes disse...

CARPE DIEM

Heartbeats disse...

Muda de vida se não vives satisfeito, muda de vida estás sempre a tempo de mudar.

O valor cria-se. Para perceber o que tem valor é preciso experimentar várias coisas, conhecer várias pessoas, parar. Mas vale a pena, não só te torna mais forte, como aproveitas de outra forma as coisas que te parecem simples. As fórmulas resultam, agora é difícil fazê-las resultar.

ds disse...

Eu acho que não é deus, mas sim o facto da nossa vida ser finita que nos dá um motivo para nos levantarmos. Pois saber que isto um dia acaba é meio caminho para saltarmos da cama às 6.30 da manhã e ir para as aulas.
Qual é o sentido? Para mim é apenas ser feliz, seguindo uma conduta ética, mas ser feliz, não como objectivo, mas durante aquilo que faço. É apenas isto, penso eu.

 

Free Blog Counter