Pelas carruagens vou percorrendo
momentos passados do meu ser
sonhos que vou fabricando
realidades que tento esquecer
possíveis estações onde parar
e nenhuma delas me parece adequada.
Por isso vou-me deixando levar
pelo barulho subterrâneo dos carris
pelo abrir e fechar de portas
e pelo olhar cansado dos restantes passageiros
tentando adivinhar onde irão parar
será já na próxima estação
ou terão que mudar de linha?
quinta-feira, 29 de maio de 2008
terça-feira, 27 de maio de 2008
A ladra de músicas e corações
(perdoem-me as fracas imagens, mas foi o que se pôde arranjar com o meu telemovel. Resolução: arranjar uma máquina digital para a próxima. )
Há uns tempos atrás, a propósito do lançamento de "Jukebox", o seu mais recente álbum de "covers", tinha dito que Cat Power era uma ladra de canções. No melhor dos sentidos, entenda-se. Isto porque esta rapariga ora frágil que se tenta esconder atrás de um coração de metal (mas não consegue), ora capaz de puxar por uma multidão de milhares de pessoas como uma verdadeira diva, tem aquele condão raro de se apropriar de músicas alheias e torná-las suas dando-lhes uma nova roupagem, ao ponto de não reconhecermos já as músicas originais. Facto ainda mais curioso e fascinante para este modelo de reinvenção: Cat Power - ou Chan Marshall se preferirem - faz "covers" de músicas da sua própria autoria.
Se ainda alguém tinha dúvidas que Chan Marshall era uma intérprete, elas terão ficado desfeitas com o concerto de ontem à noite. O suspense dos primeiros minutos e os longos minutos de espera deram lugar a uma entrada triunfal da mulher que no passado terá chegado a desiludir muitos com as suas pancadas (como parar de cantar músicas a meio) - pessoalmente eu até gosto de pancadas. Mas Chan portou-se bem desta vez pelo menos. E deu-me uma estreia memorável nestes concertos de elite. Só faltou mesmo dar-lhe uma palavra e tocar-lhe. Eu ensinava-lhe a dizer como se ligam as luzes todas do coliseu em português.
"Obrigada, obrigada."
Obrigado eu.
Há uns tempos atrás, a propósito do lançamento de "Jukebox", o seu mais recente álbum de "covers", tinha dito que Cat Power era uma ladra de canções. No melhor dos sentidos, entenda-se. Isto porque esta rapariga ora frágil que se tenta esconder atrás de um coração de metal (mas não consegue), ora capaz de puxar por uma multidão de milhares de pessoas como uma verdadeira diva, tem aquele condão raro de se apropriar de músicas alheias e torná-las suas dando-lhes uma nova roupagem, ao ponto de não reconhecermos já as músicas originais. Facto ainda mais curioso e fascinante para este modelo de reinvenção: Cat Power - ou Chan Marshall se preferirem - faz "covers" de músicas da sua própria autoria.
Se ainda alguém tinha dúvidas que Chan Marshall era uma intérprete, elas terão ficado desfeitas com o concerto de ontem à noite. O suspense dos primeiros minutos e os longos minutos de espera deram lugar a uma entrada triunfal da mulher que no passado terá chegado a desiludir muitos com as suas pancadas (como parar de cantar músicas a meio) - pessoalmente eu até gosto de pancadas. Mas Chan portou-se bem desta vez pelo menos. E deu-me uma estreia memorável nestes concertos de elite. Só faltou mesmo dar-lhe uma palavra e tocar-lhe. Eu ensinava-lhe a dizer como se ligam as luzes todas do coliseu em português.
"Obrigada, obrigada."
Obrigado eu.
quinta-feira, 22 de maio de 2008
A rapariga dos folhetos
(dedicado à rapariga que está há uns bons meses a distribuir folhetos de dentista à saida do metro de Alameda para quem vai para a Praça de Londres)
Todos os dias encontro-te na multidão
Lá estás tu ao cimo das escadas
Sempre sofrida e forçada
Quando te vais embora, ó rapariga?
Flux é o nome do que distribuis
Eu olho para ti e vou aceitando o papel
Na esperança de atenuar o teu sofrimento
E de te despachar desta carga
Quando é que os teus sonhos se tornam realidade?
Será quando a minha realidade se tornar sonho?
Fico sem saber como és
E ao mesmo tempo vejo-te quando muitos viram as costas
Andas sempre sofrida e forçada
Como quem carrega na mão
O peso de múltiplos desgostos
Para ti um trabalho, para mim uma divagação
Todos os dias encontro-te na multidão
Lá estás tu ao cimo das escadas
Sempre sofrida e forçada
Quando te vais embora, ó rapariga?
Flux é o nome do que distribuis
Eu olho para ti e vou aceitando o papel
Na esperança de atenuar o teu sofrimento
E de te despachar desta carga
Quando é que os teus sonhos se tornam realidade?
Será quando a minha realidade se tornar sonho?
Fico sem saber como és
E ao mesmo tempo vejo-te quando muitos viram as costas
Andas sempre sofrida e forçada
Como quem carrega na mão
O peso de múltiplos desgostos
Para ti um trabalho, para mim uma divagação
segunda-feira, 19 de maio de 2008
quarta-feira, 14 de maio de 2008
Filmaço
domingo, 11 de maio de 2008
O 208
Entrar no 208 (sentido Cais do Sodré-Oriente) é como entrar num local onde nunca saberemos o que haveremos encontrar. Como uma daquelas antigas diversões da feira popular, uma espécie de comboio fantasma mas com menos esqueletos e teias de aranha e mais pessoal ensonado muito curioso, ou um homem que se parece de ter esquecido trazer qualquer calçado, um rapaz que insiste em meter música para ver se o resto da malta acorda, ou então um brasileiro que começa logo a meter conversa amigável na paragem do metro, com as suas tácticas para conquistar moças que envolvem ir de táxi a festas e casamentos (e a baptizados, presumo também...) e que no final lá pensa que somos de outro país (americanos, que não faz a coisa por menos), pois falamos muito rápido ou algo assim do género. E depois temos um motorista que de vez em quando lá põe o pé no acelerador assim do nada e nos presenteia com algumas manobras dignas de piloto de rallys, versão Bus. É muito giro.
De certo modo, esse nível de excitação contrasta com um dia-a-dia mais rotineiro e entediante. E o palpitar de coração sem saber se vamos chegar inteiros a casa é de certo modo a alternativa viável à inexistência de uma Feira Popular nas redondezas.
De certo modo, esse nível de excitação contrasta com um dia-a-dia mais rotineiro e entediante. E o palpitar de coração sem saber se vamos chegar inteiros a casa é de certo modo a alternativa viável à inexistência de uma Feira Popular nas redondezas.
sexta-feira, 2 de maio de 2008
Memórias
Nada como um almoço familiar e uma conversa com uma ex-colega de jardim escola que já não vejo há mais de uma década para desencandear recordações de outros tempos, e especialmente no primeiro caso, receio pelo amanhã. :\
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