O realizador russo Andrey Konchalovskiy é hoje em dia um nome completamente desconhecido até para cinéfilos mais atentos. Mas nos anos 80, era um dos nomes promissores da indústria cinematográfica norte-americana. "Runaway Train", "Shy People", "Duet for One"... "Tango & Cash" (eheh)...
Konchalovskiy mudou-se para os Estados Unidos após aclamação na sua terra natal. "Maria's Lovers" foi o seu primeiro filme em território americano, e desde cedo se revela algum estrangeirismo (e não é só nas personagens) nesta história de um ex-combatente (John Savage) que volta finalmente à sua terra e se decide casar com o seu eterno amor, a angelicalmente virgem Maria (Nastassja Kinski). Só que o amor que sente por Maria não consegue ser consumado.
O filme cruza traumas de guerra e desejo imaginado vs. desejo real, com algum simbolismo que não será propriamente muito subtil e até algum que nem se sabe até onde pode dar (uma rata ensanguentada....hmmmmmm). A imagem de uma cadeira num monte repete-se, lembrando o culminar de um amor, e um desejo não concretizado. Mas Konchalovskiy reune aqui uma sensualidade e erotismo desconcertantes de uma América que já não existe, num contraste curiosíssimo com a premissa do filme, e tem a sorte de ter actores não só para encorporar uma imagem de lúxuria anti-climática como dotados de todo um potencial dramático que empurra o filme para um patamar superior. Impossível não acreditar no amor que estas duas personagens sentem. E impossível não me perguntar o que é que terá acontecido exactamente às carreiras de John Savage e Nastassja Kinski para nunca terem levantado o voo merecido...
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