segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Quando o Mestre finalmente supera os Aprendizes no jogo deles




A história de Gary Numan será das mais "sui generis" da pop contemporânea. Começando pelos Tubeway Army, onde gravou inicialmente um álbum de demos "punk", para depois se render aos sintetizadores. Com apenas 21 anos, grava um dos singles #1 mais peculiares da história : "Are Friends Electric?", e meses mais tarde, já em nome próprio, surge "Cars" um sucesso á escala global. Depois disto, poderia pensar-se que Numan ficaria durante uns bons tempos a aproveitar-se da fama recém-conquistada... mas não. Após um subestimado "Telekon", Numan anuncia a sua reforma das digressões musicais - tinha apenas 23 anos! Não durou muito, felizmente.



Nas três décadas seguintes, lança 17 álbuns (!), oscilando por territórios como o jazz, o funk e até alguma "dream pop", tendo por volta da década de 90 se tornado ironicamente um seguidor das pessoas que o idoladravam. (Nine Inch Nails, sobretudo)




E agora, ainda sob a sombra dessa influência, e num ano em que ambas as bandas lançam novos álbuns, tornando a comparação mais fácil, Numan lança aquele que pode ser o seu "statement" mais definitivo em 30 anos de carreira (pós-"trilogia distópica" Replicas-The Pleasure Principle-Telekon), superando pela primeira vez os seus aprendizes que tanto idolatra.




É difícil destacar aqui momentos nestas canções de mente quebrada (Numan, caso o ouvinte ainda não tenha captado através da sua arte, descobriu que tem uma forma moderada de autismo, logo o "cocktail" emocional é necessariamente mais complexo aqui). Poderia aqui virar-me para as duas baladas "Lost" e "My Last Day". Mas há aqui também momentos capazes de agitar o Metropolis ou até mesmo um Incógnito em qualquer noite (o mais óbvio sendo "Love Hurt Bleed").




Se a inovação já não pertence propriamente aqui, a maestria de Numan enquanto artista - que conjuga e sempre conjugou melhor o tríptico música-voz-letras que Reznor diga-se (simplesmente o último está também ele a perder capacidade de olhar para o futuro, tornando mais aparentes as suas lacunas nos outros campos)- compensa e bem. Num ano que viu tantos regressos meritórios de veteranos, este está no topo da pilha, ao lado de nomes como os seus contemporâneos e conterrâneos OMD e os Depeche Mode.



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