Vejamos, Brüno, o austríaco fashionista gay, é uma personagem que muitos dizem ser mais difícil de se simpatizar que o estrangeiro curioso do Cazaquistão. Porquê? Bem... não será mais anti-semita que Borat (lembre-se que Sacha Baron Cohen, o actor, é judeu), e as suas práticas são exactamente o extremo do que associamos a um gay. Digo nós enquanto sociedade e enquanto seres humanos educados num regime normativo. Alguém se esqueceu das maluqueiras que Borat fazia, por ser o arquétipo do pior que possamos associar a um estrangeiro? (hábitos estranhos como trocar pêlos púbicos, sexo com animais, "promover" a irmã prostituta... preciso de continuar?)
Porquê tanto medo do estereótipo extremo gay, e não tanto do estereótipo estrangeiro? Esta matéria dava toda para uma tese de doutoramento. Afinal, a piada, tal como em Borat, acaba por não estar tanto na personagem como está nas reacções - essas sim tão hilariantes como preocupantes.
Este é um filme extremamente desconfortável, como tinha que ser. Ponto. E a homofobia não vem só dos heteros, e dos armariados. Vem de todos. E por mostrar isso sem ter a necessidade de estar a apontar o dedo e a dar-nos um sermão, o heterossexual Sacha Baron Cohen conquista toda a minha admiração e respeito. (soa esquisito dizer "heterossexual" hein? Fascinante.)
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