segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Droide Filipe Estoril->Algés


Ficará como um daqueles momentos a recordar, porventura a maior loucura dos meus quase 23 anos, e uma daquelas histórias mirabolantes e inacreditáveis a contar daqui a uns anos quando não se tiver mais nada para falar/como prova de insanidade mental minha, se quiser afastar alguém...

A verdade é que terei feito a minha maior caminhada da minha vida ao ponto de hoje ter os pés lixados que nem uns bons minutos em água quente resolverão tão facilmente, e isto na mais perigosa das situações para muitos. Ao menos poderei finalmente riscar da lista de coisas a fazer antes de morrer "Ir a pé de Estoril a Algés em plena madrugada, demorando umas 3 horas e sobreviver".

1h45m - confirmo a informação que os comboios da CP deixaram de funcionar há uns minutos na linha de Cascais. A única alternativa a pagar uma tarifa altíssima de táxi, ou pedir boleia a qualquer estranho, será o de aguardar pelas 5 e meia da manhã; decido ir dar uma volta às redondezas...

2h30m - já com uma volta dada ao espaço, farto de estar sem fazer nada e sem querer voltar ao Casino, começo estranhamente a querer andar na direcção de Lisboa, a caminhar simplesmente pela Marginal. Quando dou por mim, já passei S. Pedro. Vejo um bar/disco ali junto à costa, mas ironia das ironias, sinto-me com algum receio de lá entrar (olhando para trás não teria sido uma má ideia de passar o tempo). Segue-se Parede e Carcavelos, esta ultima já perto das 4. Apesar de me sentir arrepiado com barulhos e dois homens numa esquina, começo a pensar que vou conseguir e que será menos perigoso prosseguir que fica ali à espera. Afinal, sempre estou a ocupar o tempo. Forte São Julião da Barra... interessante.

5h30m - segunda ironia: os comboios começam a voltar a funcionar estou eu ainda tentar chegar a Algés. Torna-se a viagem turística mais esquisita da minha vida facilmente. Boa maneira de me lembrar por muito tempo do nome das estações: Santo Amaro. Paço de Arcos. (Estou a ver já a ponte de longe... deve estar perto) Caxias. Cruz Quebrada (tinha-me esquecido desta..a pensar que era logo depois de Caxias :\) .

6 e picos - Após mais de três horas e meia a "passear" e já com os pés meio a arrastar, finalmente avisto uma paragem da Carris, finalmente constato que o Aquário Vasco da Gama fica ali, naquela zona (claro!), e começo a ficar extremamente orgulhoso do percurso que fiz e pelo facto de não ter caído ao chão todo desidratado. Paragem do 750 a uns quarteirões! A partir daqui estou safo.

Valeu a poupança de trocos a experiência? Bem, enquanto experiência nova, tou contente de a ter tido e de ter visto a linha com outros olhos por assim dizer lol. Para constatar que a distância que une Estoril ao concelho de Lisboa é de facto bastante grande, e que uma viagem de comboio pode nem transmitir isso, por meia hora que demore, valeu a pena. Isto pesando os pés todos lixados e uma pequena bolha que já contei entretanto.

Indo agora directamente ao motivo que me pôs nesta viagem insana, por sinal um filme de viagens e de experiências: "Vicky Cristina Barcelona" é de facto um dos filmes mais agradáveis de se ver do senhor Woody Allen, cumprindo as minhas altas expectativas, as quais me fizeram esperar por uma sessão extra da meia-noite (devido ao esgotamento da sessão das 22h) e assim arriscar-me a perder todo e qualquer tipo de transporte público que me ligava até Lisboa.

Aproveitando-se do lindíssimo cenário de Barcelona que o rodeia, Allen consegue também construir um argumento rico de bons diálogos, como já é característica sua afinal. Das actrizes, para além de Penelope Cruz, que vai certamente aos Oscars, quer quisessemos quer não (neste caso até será merecida a estatueta caso a conquiste), surpreendi-me mais com Rebecca Hall, a verdadeira protagonista do filme e uma perfeita desconhecida aos meus olhos numa performance mais subtil do que a de Cruz. Quanto a Scarlett Johansson e a Javier Bardem, continuam sexys e a cumprir plenamente o desejado aqui.

E quanto ao tema musical principal, é daqueles que nos fica na memória durante muito tempo... irresistível.


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